Segundo time que mais conquistou vitórias de entre as cinco principais ligas domésticas da Europa (Inglaterra, Itália, Alemanha, Espanha e França), equipe com o melhor ataque [83]. Líder da Ligue 1, com nove pontos de vantagem em relação ao segundo colocado e vitorioso de seu grupo na Champions League. Esta é a realidade do Paris Saint-Germain treinado por Unai Emery na atual temporada. Mesmo assim, o futuro do espanhol não é nada garantido dentro da equipe estrelada por Neymar, Cavani, Mbappé, Dani Alves e tantos outros.
Ainda que mostre bons resultados, inclusive com um estilo de futebol que só não prioriza mais a posse de bola do que o Manchester City de Guardiola [o PSG tem a segunda melhor média de retenção do esférico na Europa, 64.73% contra 69.24% dos 'Cityzens'], não parece ser o bastante para um técnico cuja maior desconfiança é a falta de habilidade para lidar com as estrelas de seu time.
Isso ficou muito claro no episódio da polêmica nas cobranças de pênaltis, envolvendo Neymar e Cavani. A impressão geral é de que faltou mais pulso por parte do comandante de 46 anos, que antes de chegar ao badalado clube parisiense levou o Sevilla a incríveis três títulos de Europa League.
Na imprensa europeia, seis principais nomes são apontados para ocuparem a vaga de Unai Emery na próxima temporada: Simeone é o sonho considerado impossível, por priorizar o 'Atleti' e ter desejado trabalhar depois na Itália; Mourinho e Conte seguem no radar, já que deixam em aberto as respectivas situações no Man.United e Chelsea. André Villas-Boas, Mauricio Pochettino e Carlo Ancelotti correm por fora, mas o candidato maior é Luis Enrique – exatamente o homem com quem Neymar melhor jogou na Europa.
Unai Emery só não deve sair do Paris Saint-Germain se conquistar a Champions League. E o desafio, com encontro marcado diante do Real Madrid nas oitavas de final, demonstra que a caminhada não será nada fácil. Mas talvez toda essa pressão seja exatamente o fator que deve levar o espanhol a estudar com o maior afinco possível o adversário madridista.
É claro que Unai não teve a melhor das posturas para administrar a maior crise interna que apareceu em seu elenco, algo que já foi contornado por Neymar e Cavani. Só que a expectativa megalomaníaca do PSG coloca o seu treinador em uma situação aparentemente rara, mas que deixa evidente a importância do treinador não apenas como estrategista, mas também como gestor. Principalmente em um grupo formado por alguns dos melhores do mundo na atualidade.
Unai Emery tem os resultados e números positivos a seu favor, e talvez seja isso que o tenha mantido no cargo até aqui. É o que lhe dá esperança de responder às dúvidas de seus empregadores. Mas o espanhol não passa a impressão de saber administrar da melhor forma os gigantes egos que coexistem dentro do seu vestiário. Não é coincidência que, dentre os nomes especulados, estejam técnicos que tiveram que mostrar pulso firme ou grande capacidade para administrar pessoas [Simeone, Mourinho, Conte, Ancelotti e Luis Enrique] ao longo de suas carreiras.