Logo após a derrota por 3 a 1 para o Botafogo, no clássico válido pela nona rodada do Brasileirão, o técnico cruzmaltino Milton Mendes não acreditou ao ser confrontado com os números de que o seu time tinha a pior defesa do campeonato. Em poucos segundos o comandante reconheceu a estatística, que deve ser frustrante dado que foi a primeira área da equipe consertada por ele em sua chegada.
Em nove rodadas disputadas até aqui, foram 20 gols sofridos. E nem mesmo a diferença nos resultados obtidos em São Januário servem de desculpa, já que o Vasco levou 11 gols como visitante e 9 em seus domínios – uma diferença mínima. Com um desempenho tão preocupante desses, é impossível não buscar um motivo de explicação.
O goleiro Martín Silva, que buscou as 20 bolas em suas redes, aponta duas razões principais: a falta de tempo para treinos e o pouco entrosamento de uma defesa cujo miolo de zaga atua junto há pouco tempo. Breno e Paulão chegaram no decorrer da atual temporada, e embora tenha como obrigação apenas a disputa do Campeonato Brasileiro o calendário de partidas sucessivas de quarta a domingo pode atrapalhar.
“Estamos passando por muitos jogos, não temos tempo para treinar. Estamos tentando melhorar no papo com o treinador. De um dia para o outro não vamos ter o entrosamento que outro time tem desde o ano passado. Os zagueiros chegaram com o campeonato já começando. Sabemos que os números não são bons, estamos sendo muito autocríticos com respeito a isso”, disse o arqueiro uruguaio.
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Levando isso em consideração, não seria melhor Milton Mendes repensar a formação de sua zaga até conseguir mais tempo para as atividades táticas? Difícil colocar uma resposta quando se tem como opção Jomar e um já veterano Rafael Marques. Milton opta pela qualidade que tem em mãos, mas vem lhe faltando o entrosamento.
A dupla Paulão-Breno compõe a zaga cruzmaltina desde a terceira rodada. De lá para cá foram 16 gols sofridos em sete partidas. Na primeira rodada, Rafael Marques e Jomar tiveram péssima atuação nos 4 a 0 aplicados pelo Palmeiras, mas na rodada seguinte o desempenho melhorou com Rafael e Paulão – ainda que o adversário tenha sido um Bahia desfalcado. Mas em um time que segue dependente de Nenê e Luis Fabiano, que apesar de excelentes são veteranos, será que valeria a pena escalar regularmente Paulão e Rafael Marques? O combate ficaria mais lento.
Fato é que, ainda que Milton Mendes tenha ‘ajeitado a casa’ nos seus primeiros jogos, o sistema defensivo vascaíno vem se mostrando limitadíssimo. Isso não quer dizer que falta vontade aos cruzmaltinos, muito pelo contrário: o Vasco é o time que mais tenta desarmes neste Brasileirão (184), além de ter o melhor aproveitamento nas dividida (53,35% de sucesso). Pelo flanco direito, o lateral Gilberto e o volante Jean são os defensores mais ativos do campeonato até aqui, sendo que o meio-campista é o maior ladrão de bolas (36) do certame.
Mas apesar de ser quem mais luta para tirar a bola do adversário, o Gigante da Colina tem apenas o 16º melhor aproveitamento [ou o 5º pior] neste aspecto. Também é o time que menos conseguiu recuperar efetivamente a posse de bola junto ao adversário (439). O problema no sistema de defesa vascaíno não está na entrega dos seus jogadores, e sim na qualidade.