O Santos vive um momento de muita tensão política, descarregada com o afastamento do presidente José Carlos Peres, mas não pode se dar ao luxo de esperar para resolver sua dívida com o Hamburgo, da Alemanha.
Internamente, outubro é visto como o mês em que o dinheiro tem que chegar, ao menos em parte, à mão dos alemães, sob o risco de sofrer sanções rigorosas por parte da Fifa que prejudiquem o restante da temporada 2020.
Ao todo, as pendências financeiras do clube somam um total de R$ 30 milhões pelos direitos econômicos adquiridos do zagueiro Cleber, em 2017. O valor escalou numa combinação de juros e câmbio muito desfavorável no período.
Comprado por 2,5 milhões de euros, à época pouco mais de R$ 7 mi, o defensor não teve nenhuma parcela quitada com os europeus e viu o valor chegar a 4,5 milhões de euros nos dias de hoje, cotados a R$ 29 milhões atualmente.
Punido duas vezes com a impossibilidade de inscrever novos atletas, primeiro de maneira temporária e, depois, por três janelas de transferências, o Santos teme que a falta de pagamento incorra em perdas de pontos na entidade máxima do esporte. No cenário mais drástico, até um rebaixamento para a segunda divisão nos tribunais não está totalmente descartado.
O exemplo do Cruzeiro já foi citado em conversas dos novos membros do Comitê de Gestão, que viram os mineiros perderem seis pontos na tabela de classificação da Série B.
O temor é que, assim como a Raposa, o clube praiano tenha uma enxurrada de cobranças na Fifa por outras dívidas caso não acerte rapidamente essa pendência.
Além de Cleber, o Alvinegro também deve valores de Felipe Aguilar e Soteldo, comprados no ano passado, sendo que o segundo já motivou um processo na Fifa. Ultimamente, a entidade tem aplicado a punição esportiva aos inadimplentes reincidentes.
E como pagar as dívidas?
No Santos, o dinheiro recebido da televisão com a volta das competições é visto como fundamental para tentar ao menos negociar a retirada da ação por parte do Hamburgo. Outra possibilidade, claro, é a negociação de algum dos jogadores com mais mercado no exterior.
Lucas Veríssimo, que renovou contrato recentemente, ainda é visto como o ativo que mais interessa clubes de fora. Em conversa com a reportagem da Goal, um dirigente admitiu que propostas na casa dos 8 milhões de euros (R$ 52 milhões) seriam praticamente irrecusáveis pelo defensor, considerado o melhor do último Campeonato Brasileiro.
Orlando Rollo, presidente em exercício com o afastamento de Peres, já conversou com Cuca e os jogadores para tranquilizá-los a respeito dos problemas administrativos.