Cuca será o novo treinador do São Paulo, mas chegará para o comando somente no prazo de dois meses - ainda por causa de um tratamento cardiológico iniciado em 2018, quando deixou o Santos para cuidar de sua saúde. Até lá, o coordenador Vagner Mancini estará sob o comando da equipe e André Jardine volta para as categorias de base após a eliminação na pré-Libertadores.
É justo dizer que a campanha do Tricolor no Campeonato Paulista estará inteiramente nas mãos de Mancini, uma vez que o prazo de chegada de Cuca combina com o final dos estaduais e início do Brasileirão. Será o retorno do treinador com o primeiro grande clube que lhe abriu as portas. Cuca não levantou títulos na rápida passagem pelo Morumbi, em 2004, mas foi um dos arquitetos da última fase gloriosa do clube.
O curitibano chegou ao Morumbi após ter feito grande campanha com o Goiás no ano anterior, tirando o Esmeraldino da zona de rebaixamento para fazer uma das melhores campanhas do segundo turno. Enquanto isso, o São Paulo aproveitava o primeiro campeonato em pontos corridos para enfim fazer valer a sua regularidade e retornar, dez anos depois de sua última participação, à disputa da Copa Libertadores mesmo sendo comandados pelos interinos Rojas e Milton Cruz.
Junto de Cuca, chegaram do Goiás três jogadores que teriam grande importância no futuro tricolor: o zagueiro Fabão, o meia Danilo e o atacante Grafite. Josué, também treinado por Cuca no Serra Dourada, chegaria apenas no ano seguinte, mas deixava evidente o bom olho do treinador para montar boas equipes. Na Libertadores, Cuca aperfeiçoou o 3-5-2 que já vinha sendo utilizado – liberando os muitos avanço de Cicinho – e apoiado pelo ânimo das arquibancadas do Morumbi, que há desde 1994 sonhavam com um retorno ao torneio continental, chegou até as semifinais.
O grande problema foi uma zebra no meio do caminho. O Tricolor empatou sem gols no jogo de ida contra o Once Caldas, dentro de casa, e foram eliminados no último minuto quando Jorge Agudelo estufou as redes de Rogério Ceni para fazer o 2 a 1. A equipe seria campeã ao bater o Boca Juniors, marcando um dos títulos mais improváveis na história da Libertadores. Pressionado pela diretoria, que já pensava em trazer Emerson Leão, Cuca entregou o seu cargo após alguns problemas com a diretoria.
No ano seguinte, o São Paulo conquistou a Libertadores pela terceira vez. A equipe não era mais comandada por Leão, que havia aceitado oferta do futebol japonês. Paulo Autuori havia assumido o time e também deixou a sua marca, mas o ‘dedo’ de Cuca para fincar as bases daquele time são lembradas até hoje – Fabão, Danilo e Grafite tiveram grande importância na conquista sobre o Atlético Paranaense.
Quatorze anos depois, o São Paulo busca caminhos para escrever um novo auge e vê em Cuca, novamente, a esperança para dar início a este processo. No entanto, o histórico recente e a ansiedade por taças não indicam a garantia de tranquilidade para o novo-velho treinador, que também pode ver a sombra de Vagner Mancini ainda maior caso a equipe (uma das que mais investiu para a temporada) emplaque bons resultados até a sua chegada.