O duelo entre Paris Saint-Germain e Manchester City foi confirmado para a semifinal desta edição 2020-21 da Champions League, mas a verdade é que os dois maiores “novos ricos” do futebol europeu estão em uma disputa gigantesca antes mesmo da atual campanha começar: a briga para mostrar a Lionel Messi qual destino pode ser o ideal para o argentino, caso o camisa 10 do Barcelona realmente opte por deixar o Camp Nou no final de seu contrato – que se encerra daqui a poucos meses.
Este cortejo sobre um dos maiores craques da história parece até mesmo uma espécie de dança do acasalamento, daquelas que são filmadas em documentários sobre o reino selvagem, onde o animal de determinada espécie usa seus predicados para demonstrar força e convencer a sua pretendente de que é ao seu lado que o futuro reserva os frutos e a proteção necessária. Os argumentos da vida animal são diferentes aos do mundo do futebol, mas há quem consiga classificar ambos como selvagem.
Tanto PSG quanto Manchester City são clubes que, como poucos no mundo, nadam em dinheiro por causa da injeção de recursos recebidos tanto do Qatar quanto dos Emirados Árabes, respectivamente. Dinheiro para convencer Messi, teoricamente, não seria um grande problema, então nesta dança de promoção da própria imagem para encantar o argentino, cada lado foi usando outros de seus encantos.
O City tem Guardiola, o treinador que anos atrás ajudou Messi a voar até uma altura que nem todos poderiam imaginar, além de possuir uma identidade de equipe que ainda faz alguns acenos àquele modelo de jogo que tanto ajudou Messi e Guardiola a, lado a lado, entrarem na história do futebol pelo Barcelona. O time azul de Manchester também entregaria como possibilidade ao argentino a chance de já encaminhar um fim de carreira nos Estados Unidos, onde o Grupo City possui, em Nova York, uma de suas franquias futebolísticas.
Já o PSG atrairia Messi também por já ter em sua equipe grandes amigos do craque: Di María, companheiro de seleção argentina, e especialmente Neymar, com quem Messi também encantou e enfileirou títulos representando o Barcelona. As cenas posteriores à eliminação do Barça justamente para o PSG, em partida que não contou com um lesionado Neymar pelos franceses, mostrou para o mundo todo o cortejo parisiense sobre Lionel através das imagens da conversa de pé de ouvido com Ángel Di María.
Neste cortejo, por fim, há o próprio Barcelona, que se vê como uma espécie de animal envelhecido e desgastado, precisando dar sua prova de força contra quem tenta lhe tirar a melhor de suas parcerias, ao mesmo tempo em que precisa reconquistar o seu amor. Como os catalães fariam isso? Convencendo Messi que podem lhe oferecer, em meio a todos os problemas de ordem estrutural e de montagem de equipe, a plataforma necessária para fazer o argentino voltar a abraçar uma taça de Champions League.
E ainda que a imprensa europeia noticie que Messi estaria agora mais inclinado a renovar com o Barcelona, que vai dando demonstrações notórias de amor e valorização para o seu camisa 10, e de que o Manchester City teria desistido do sonho de contratar o argentino, virando seus olhos para outras opções visando a substituição de Sergio Aguero (amigo de Messi, aliás, que vai deixar os Citizens ao final desta temporada), é impossível não imaginar que Messi estará bastante atento aos duelos de ida e volta entre PSG e Manchester City – marcados para o final de abril e começo de maio.
Paris Saint-Germain e Manchester City começaram a temporada com a disputa velada sobre qual deles conquistaria Messi, e qual argumento seria melhor do que chegar a uma final de Champions League para ter a chance de atrair de vez o seu interesse? A obsessão destas equipes é a mesma que cerca os planos do argentino. A semifinal da Champions League colocará frente a frente dois clubes que, pelo tipo de investimento que os transformou em potência, são da mesma espécie. E em meio à disputa pelo título, que é o que de fato importa, este pode ser também um duelo talhado para reforçar qual deles poderá sonhar mais forte com a possibilidade de conquistar Lionel Messi.
A única certeza? Que ele estará com os olhos atentos nestes jogaços.