Thiago Neves chegou ao Cruzeiro em 2017 já consagrado como um dos melhores jogadores que atuavam no Brasil. Exceção aos estaduais, já havia tido destaque pelo Fluminense em títulos de Copa do Brasil (2007) e Brasileirão (2012) e, em 2008, entrou para a história ao colocar-se como primeiro e único jogador a ter feito três gols em um único duelo de final de Libertadores – superando nomes como Pelé e Zico.
A avaliação indiscutível sobre o talentoso meia é de que ele sempre aparecia com protagonismo nos momentos decisivos. Foi assim que tornou-se ídolo do Cruzeiro. Em 2017, converteu a última penalidade na final de Copa do Brasil vencida sobre o Flamengo e, no ano seguinte, deixou sua marca na vitória por 1 a 0 no primeiro duelo da decisão contra o Corinthians.
Em janeiro de 2019, em meio à novela que culminou com a polêmica saída de Giorgian De Arrascaeta para o Flamengo, a torcida cruzeirense manifestou idolatria por Thiago Neves ao ter feito da hashtag #Meu10Veste30 um dos assuntos mais comentados no Twitter. Após a despedida do uruguaio, Thiago ficou com a 10.
January 8, 2019
December 2, 2019
Meses depois, contudo, o jogador protagoniza um caso inédito de ter saído da nota dez para a zero. Ao menos para os torcedores do Cruzeiro. Em meio à campanha que deixou a Raposa a detalhes de um rebaixamento inédito, o meia foi afastado do time depois de ter sido flagrado em uma festa enquanto se recuperava de um problema físico. Não vestirá mais a camisa azul de Belo Horizonte.
Foi a gota d’água em uma reta final de temporada marcada por um protagonismo negativo de Thiago, que minou o trabalho de Rogério Ceni, ocasionando no final das contas a demissão do treinador, e um dia após ter perdido um pênalti na derrota em casa para o CSA teve vazado um áudio polêmico com Zezé Perrella - gestor de futebol do clube.
A diretoria cruzeirense evidentemente tem muita culpa no cartório pela forma como administrou o clube nos últimos anos. Mas o torcedor entendeu todas as últimas atitudes de Neves como desrespeito à instituição e, em meio aos muitos culpados pela situação enfrentada pela Raposa, é uma avaliação que faz certo sentido.
Pense em grandes ídolos, campeões que acabaram sendo rebaixados em meio a um cenário de administração caótica: Marcos com o Palmeiras, (2002), Marques no Atlético-MG (2005), Edmundo pelo Vasco (2008), Jefferson com o Botafogo (2014) ou Ceará pelo Inter (2016). Alguns podem até ter sofrido alguma crítica ou, eles mesmos, terem criticados os erros de administração de seus clubes, mas não foram protagonistas negativos nestes momentos de tensão como Thiago Neves - ainda que a culpa principal pela situação cruzeirense esteja fora de campo.
Decisivo como herói e vilão no Cruzeiro da maneira mais extremista possível.