Um time brigador, que se entrega em cada disputa, e eficiente no ataque graças ao talento de seus homens mais avançados. Foi assim que o Uruguai construiu a vitória por 1 a 0 sobre o Chile, na última segunda-feira (24), garantindo a liderança do Grupo C da Copa América 2019. Este diagnóstico está presente desde a ressurreição Celeste no futebol, também sob o comando do técnico Óscar Tabárez, a partir de 2010. De lá para cá, a única diferença foi a passagem do tempo em si.
A campanha que recolocou os uruguaios sob os holofotes do protagonismo aconteceu no Mundial de 2010, na África do Sul, com um time que já tinha zaga com Diego Godín e ataque com Edinson Cavani e Luis Suárez. Diego Forlán era a referência daquela equipe no setor de criação e finalização de jogadas e foi eleito craque do torneio disputado em terras africanas. Semifinalistas pela primeira vez após 1970, aquele era um Uruguai de organização defensiva, muita luta e fé na efetividade de seus homens de frente. Um ano depois, a Celeste conquistava a Copa América dentro da Argentina e oficializaria o seu retorno entre os grandes.
O envelhecimento daquele conjunto cobrou a sua conta no Mundial de 2014, algo bastante personificado em um irreconhecível Forlán – aos 35 anos, longe de seus melhores momentos e atuando no futebol japonês. Os orientais caíram nas oitavas de final, mas se havia esperança em seguir adiante ela estava depositada na fortaleza defensiva representada por Godín e no ataque com Edinson Cavani. Suárez estava suspenso pela mordida dada em Chiellini. Sua ausência foi muito sentida na derrota por 2 a 0 para a Colômbia. Quatro anos depois, foi o desfalque de um lesionado Cavani que pesou na eliminação para a França, futura campeã, nas quartas de final. De qualquer forma, uma campanha digna. E sempre baseada na força do time nas duas áreas.
Esta característica mais uma vez ficou notória na vitória por 1 a 0 sobre o Chile, um duelo no qual os uruguaios encontraram dificuldades tanto para frear o ritmo de um envelhecido time chileno no ataque, quanto para furar o sistema defensivo de quase seis homens que se alternavam para dar superioridade numérica, evitando que a bola chegasse a Cavani ou Suárez – quando os dois alas não voltavam para fazerem uma linha de cinco defensores, o volante Pulgar recuava para ficar mais próximos dos três zagueiros escalados de forma surpreendente por Reinaldo Rueda.
Os uruguaios tiveram número recorde de rebatidas ao tirarem o perigo de seu campo [15 no total], além da pior exibição ofensiva da campanha. Tanto em finalizações totais [8, metade a menos do visto contra o Equador] quanto nas que foram a gol: três, sendo as duas primeiras facilmente defendidas pelo goleiro Arias. A última contou com uma cabeçada de Cavani indefensável, letal e que mostra por que o jogador do PSG está entre os melhores do mundo em sua posição.
“Nosso time ficou bem posicionado. Deixamos poucos espaços na linha final para o Chile avançar. Eles criaram poucas situações claras de fazer gols, e obviamente nós ficamos longe de chegarmos ao gol deles. Mas tivemos algumas oportunidades”, reconheceu De Arrascaeta, evidenciando o poderio e o foco celeste de um extremo ao outro do campo.
Talento de Cavani desequilibra batalha contra o Chile
O Uruguai segue em frente mostrando ainda ser um time que sabe disputar jogo grande. Continua brigando por cada bola como se fosse a última, na esperança de ver os atacantes estufarem as redes na chance que pode ser a única. A maior diferença daquele 2010 para hoje é que tanto a defesa quanto o ataque conta com jogadores no final do ciclo pela Celeste. É bom aproveitar enquanto dura. E enquanto durar, os uruguaios prometem dar trabalho. Sempre.