A cada temporada que se inicia, Ter Stegen mostra grande evolução sob as traves. E os desafios para o alemão não foram fáceis desde que o Barcelona o contratou junto ao Borussia Monchengladbach. Em seu primeiro ano, 2014-15, levantava, como titular, o título da Champions League – o último conquistado pelos catalães.
Mas a taça europeia não foi o bastante para garantir a sua titularidade. Na época, Ter Stegen revezava a posição com o chileno Claudio Bravo, que ficava responsável pelos duelos na Liga Espanhola enquanto o mata-mata era todo do alemão. A situação chegou a um limite no qual o Barça precisou escolher com qual arqueiro ficaria. E não devem ter se arrependido.
Hoje, Marc-André Ter Stegen é considerado um dos melhores do mundo em sua posição. E ele não quer parar por aí. Em entrevista exclusiva concedida ao DAZN, o alemão não viu problemas ao falar de sua vontade em tomar a posição de Manuel Neuer na seleção de seu país e revelou o desejo de revolucionar o papel do goleiro nas quatro linhas. Confira abaixo!
Adaptação ao Barcelona e à cultura na Catalunha
“Quando você chega a outro país, precisa se adaptar, aproximar-se das pessoas e o mais importante de tudo é o idioma. Ao mesmo tempo, aprender a linguagem é a melhor parte porque você leva consigo para a vida toda. Para mim, é um sinal de respeito e gratidão saber falar o idioma do país em que eu vivo. Com certeza eu me beneficiei pelo fato de, exceção a dois ou três, eu imediatamente tinha que falar em espanhol com o time”.
Ajuda de Rakitic para se estabelecer
“Se eu tiver que destacar um [alguém que mais lhe ajudou na chegada a Barcelona], é o Ivan Rakitic. Ele fala alemão e foi de uma grande ajuda no meu início. Eu era bem chato na época, porque ficava fazendo perguntas, mas ele estava feliz em ajudar. Eu sempre serei grato a ele por isso. Ivan não é só um grande jogador, é uma grande pessoa, que contribui muito para o time. Eu ganhei nele um amigo que desejo sempre manter contato”.
Disputa com Claudio Bravo entre 2014 e 2016
“Se você assinar pelo Barcelona, isso não significa que você completou todos os seus objetivos, mas é onde começa. É continuar pra cima e melhorar, é preciso fazer mais do que os outros”.
“Basicamente, Claudio [Bravo] e eu conseguimos administrar e lidar bem com a situação [de revezarem no gol]. Ele é um grande goleiro, que mereceu o lugar na época. O treinador não precisava mudar porque ele tinha um goleiro na liga, que fez boas atuações”.
“É claro que você começa a ponderar, porque jogar futebol é o mais importante. Não teria sido melhor se o treinador tivesse dito: ‘você agora joga na liga e ele [Bravo] em outras competições’. Não era isso que eu queria e em 2016 veio a situação em que eu precisei pensar em ter que deixar o Barça”.
“Eu e Claudio lidamos com a situação abertamente, e dizíamos que não gostávamos daquilo. Em alguma hora, chega o momento em que não dá mais. E aí o Barcelona se posicionou claramente e optou por mim. Acho que eu tenho demonstrado que valeu a pena até aqui”.
Reconhecimento do trabalho
“Fico feliz quando as pessoas veem o que eu estou fazendo. É a confirmação para qualquer jogador. Em primeiro lugar, para mim é importante a minha performance. Basicamente acho que já é o caso para profissionais [alemães] do exterior não estarem no foco da mídia e dos torcedores na Alemanha, porque lá a prioridade é a Bundesliga. Não é sempre que você vê o que os profissionais de fora estão fazendo. Você tem que fazer uma partida realmente espetacular para aparecer na mídia, não é algo que se aplica apenas sobre mim. Nós temos muitos jogadores estrangeiros, que deixaram as suas zonas de conforto e estão conquistado coisas admiráveis, longe de suas famílias, seja na Itália, França, Inglaterra ou até aqui na Espanha”.
A vida em Barcelona
“Barcelona é lindo. Eu amo a cidade. A minha esposa também está feliz. Nós temos tudo o que precisamos aqui. É claro que eu sinto falta da família às vezes, mas eles sempre têm a oportunidade de virem me visitar”.
“Eu como muito peixe, mas relativamente pouca carne. Às vezes eu como absolutamente algo vegetariano ou vegano. Acho que geralmente sã consumidos muitos peixes e carnes”.
E o que gosta de beber?
“Se for [alcoólico], vinho. Vinho tinto, mas só se for com moderação”.
Assédio dos torcedores
“Nós só vamos para os restaurantes que já conhecemos as pessoas e onde não são tiradas fotos a toda hora. Honestamente eu não quero ficar em cada para evitar uns dez pedidos de foto, não é legal quando você está comendo e te pedem, mas, como jogador de futebol, é preciso aceitar. No início eu tinha mais problemas com isso. Uma vez a minha esposa me disse: ‘fica tranquilo com isso, é apenas um momento em que você faz uma pessoa feliz’. E realmente é isso. Geralmente crianças te pedem uma foto. Eu lembro que durante minha infância, Marcel Ketelaer era o meu ídolo e um dia eu o vi no restaurante. Eu peguei o seu autógrafo e virei o garoto mais feliz do mundo. O autógrafo ainda está, até hoje, na casa dos meus pais”.
Como virou goleiro?
“Eu gostava da posição no geral [quando criança], e na verdade sempre achei que goleiros eram engraçados porque eram especiais e tinham luvas. Infelizmente o nosso goleiro tinha muitos sangramentos pelo nariz, talvez ele tivesse cutucado o nariz de lado. Ninguém queria ir [para o gol]. Todos viraram as costas, e aí eu disse: ‘então eu vou para o gol’. Quando eu tinha dez ou onze anos, quando os clubes aparecem pela primeira vez, o meu treinador no Borussia disse: ‘ou você vai para outro clube ou vai direto para o gol’. Eu não precisei pensar muito. Foi assim que começou e não mudou desde então”.
Momento mais difícil no Barça e objetivos desta temporada
“A eliminação contra a Roma, na temporada passada, foi muito amarga para nós. Com certeza era mais possível para a agente. Ganhar a Champions League é o nosso maior objetivo. É importante manter isso em mente, mas não quer dizer que podemos esquecer do nosso dever de casa na Liga Espanhola. Ainda temos vários jogos para disputar. A vantagem é confortável, mas o Real e o Atlético sempre são perigosos”.
O segredo para vencer a Champions League
“Defender bem [é a chave para vencer a Champions League]. Nós temos as nossas forças lá na frente, e é sempre bom estar fazendo gols, mas especialmente na fase de mata-mata é importante sofrer a menor quantidade possível de gols. E, claro, é preciso estar lá na hora certa. O Real não foi excelente no ano passado, mas foi quando importava. É preciso respeitá-los por isso”.
Disputa com Neuer na Alemanha
“A situação [na seleção alemã] é essa. Ter boas atuações em seu clube são o pré-requisito para conseguir entrar no gol da seleção. Levando isso em consideração, acho que estou em uma boa posição com a minha qualidade e personalidade. É importante que eu continue a ter boas exibições pelo Barça e siga em forma. Eu quero colocar pressão [em Neuer]”.
Como é a relação com Neuer?
“Boa. Nós conversamos normalmente, de uma forma boa. Falamos sobre situações de jogos e passamos feedbacks um para o outro. Eu admiro Manu [Neuer] e o que ele fez pela Alemanha. Ele jogou grandes torneios, eu tenho um grande respeito por ele. Mas isso não quer dizer que eu não queira ir para o gol. Eu já disse no passado: eu quero fazer a diferença na posição de goleiro. Trabalho para isso”.
Futuro no Barça
“Ainda tenho mais três anos e meio de contrato. Como vai ser, não sei dizer agora. Mas o que eu posso dizer agora é que eu gosto da minha situação atual e gosto de estar no gramado todos os dias”.