Tem sido mais assunto do que tanto o Manchester City quanto seus torcedores, ou até mesmo Pep Guardiola, gostariam. Mas o futuro do treinador catalão à frente do atual campeão inglês tem sido colocado em dúvida desde o início desta temporada 2019-20.
Primeiro, a possibilidade de comandar a Juventus foi a informação mais ventilada e o treinador precisou, por mais de uma vez, negar que estava encerrando o seu ciclo no Etihad Stadium.
“Quantas vezes eu vou ter que dizer? Não vou para a Juventus. Não vou me mudar para a Itália. Continuarei aqui, se eles quiserem, por mais duas temporadas. Tenho contrato. Não vou me mudar”, afirmou em entrevista coletiva concedida em maio de 2019.
“Estou satisfeito em trabalhar neste clube, com as pessoas daqui. Não vou a lugar algum. É como estou me sentindo hoje. Mas o futebol muda muito e os resultado podem não ser bons e a próxima temporada pode não ser boa. Mas na próxima temporada serei treinador do Manchester City. Disse isso muitas vezes”, completou na ocasião.
As especulações não começaram apenas porque Guardiola, já em sua quarta temporada à frente dos Citizens, jamais emplacou um quinto ano sob o comando de um único clube.
Nem porque sua experiência lhe dizia que renovar parte do elenco era algo necessário para que não acontecesse a mesma coisa que ele viveu em seu último ano como técnico do Barcelona, quando sentiu que não conseguia mais passar o seu conhecimento para os jogadores após anos de cobranças, exigências e títulos.
Insatisfeito com mercado de transferências
O Manchester City bicampeão da Premier League já não havia tido tantos reforços (apenas Riyad Mahrez havia chegado) e começou esta temporada sem o zagueiro Vincent Kompany, que deixou o clube para ser jogador-treinador no Anderlecht. Ressabiado por estar na mira do Fair Play Financeiro da UEFA, também não teve o afinco que Guardiola gostaria para contratar Harry Maguire para a posição e o defensor acabou indo para o United – e recentemente foi destaque na vitória sobre o time de Pep.
Resultados em campo
Para piorar o cenário, o City perdeu o seu melhor zagueiro, Aymeric Laporte, graças a uma lesão grave e vem enfrentando problemas defensivos. Neste momento, ocupa a terceira posição na Premier League, a 14 pontos do líder (Liverpool). Após 16 jogos, os 32 pontos somados pelos Citizens representam o pior início de temporada de Guardiola em sua carreira.
Na Liga dos Campeões, onde os ingleses enfrentam o Dínamo de Zagreb nesta quarta-feira (10), o clima é de tranquilidade pela classificação antecipada. Inclusive muitos são os que apostam que é o único grande título possível para Guardiola e sua equipe nesta temporada. Justamente a taça que os dois lados mais ambicionam.
Atuações aquém do esperado pelo técnico
O problema é que, embora procure esconder isso através de seu discurso, Guardiola não tem aprovado as atuações do Manchester City. Tanto, que praticamente já descartou a possibilidade de conseguir defender o título inglês – um posicionamento raro no seu histórico.
A única temporada de Guardiola sem o título espanhol com o Barcelona foi sua última, e o seu último ano no Bayern de Munique foi o mais fraco na comparação com os anteriores. Ainda que a sua equipe atual tenha o melhor ataque da Europa (63 gols, mesmo número do Liverpool), a performance defensiva de fato merece críticas.
Até o momento foram 24 gols sofridos no mesmo número de partidas, média de um por jogo e pior apenas em relação à sua primeira temporada na Inglaterra (quando o City sofreu 60 gols em 56 compromissos, média de 1.07 por jogo), quando aperfeiçoava a máquina de jogar bola que vimos nas últimas duas temporadas.
Retorno ao Barcelona?
E se a primeira especulação durante esta campanha ligava Guardiola à Juventus, a mais recente coloca um retorno ao Barcelona em pauta. São dois os principais pontos que alimentam isso: sua esposa e filha voltaram a morar na Catalunha, e o seu pai, Valentí, deixou em aberto a possibilidade de ver o filho novamente na área técnica do Camp Nou.
“Pode ser que sim, que volte ao Barça”, afirmou antes de colocar panos quentes na ansiedade barcelonista: “mas desde que ele saiu de casa, foi ele quem sempre decidiu. Eu nunca mais o aconselhei”.
O que há de verdade
Em meio a tantas especulações, o que se sabe de concreto é que de fato o Manchester City começa, segundo informações do The Athletic, a imaginar o seu futuro sem Guardiola.
Isso também não quer dizer necessariamente que Pep vai deixar o clube no final da temporada, uma vez que o próprio inclusive até citou a possibilidade de renovar o vínculo que vai até 2021.
Em primeiro lugar, é apenas um planejamento. Um processo que, por exemplo, os rivais Manchester United e Arsenal não conseguiram fazer com sucesso após as saídas de Alex Ferguson e Arséne Wenger.
Mas se Guardiola chegou a afirmar em novembro que “o momento que eu vou sair será quando achar que meu time não me segue mais”, é bom que ou os jogadores comecem a jogar conforme a altíssima exigência do treinador... ou que a diretoria do City inicie a troca de peças que o maior técnico de sua história precisa.