Sandro Mazzola é uma lenda por si só. Ele foi líder da Grande Inter, que ganhou tudo nos anos sessenta, ao lado de Luis Suárez e teve a oportunidade de estar em campo com Pelé, Di Stefano e Johan Cruyff. Por uma década não coincidiu com Maradona nos gramados.
Hoje, Mazzola celebra tanto a sexta Bola de Ouro de Messi como sua ausência na partida contra a Inter, pela Liga dos Campeões, em San Siro.
Ele conversou com a 'Goal' da Espanha:
O Barcelona sofreu nos últimos anos contra a Inter e hoje não terá Messi. O Barcelona vai sair vivo de San Siro?
“Não é tanto o que um Barcelona sem Messi deve temer, mas sim que a Inter não se esqueça que sua ausência pode estimular qualquer uma das outras grandes estrelas do Barça a fazer um grande jogo. A Inter vai precisar estar muito atenta, mesmo que o jogo não valha nada para o Barcelona.”
Você acha que a Inter merecia mais na Ligas dos Campeões?
“Talvez um pouco mais, sim. Mas talvez ainda não houvesse mentalidade de fazer grandes coisas na Liga dos Campeões essa possibilidade foi se abrindo à medida que vimos boas atuações da equipe.”
Essa é a Inter mais poderosa desde 2010?
“Aquela equipe era muito forte, não tenho certeza que esta possa se comparar, pelo menos hoje não. Certamente não vai demorar muito para descobrirmos se está a altura, mas é muito difícil igualar o que aquela equipe fez, apesar de que hoje vejo uma equipe muito competitiva e que faz as coisas bem.”
O que Conte oferece à equipe?
“A grande mentalidade do time. Ele é um treinador que trabalha muito a mentalidade dos jogadores. Nesse aspecto ele me lembra muito Helenio Herrera, que foi um técnico que primeiro trabalha a cabeça e só depois trabalhava as pernas. Com eles, os jogadores vão a campo e fazem coisas que antes achavam impossível. Eu sei por experiência própria.”
Sem Nicolò Barella, Arturo Vidal seria uma boa opção para a partida?
“Sem dúvida. Seria uma ótima contratação, é um jogador que gosto muito. Me pergunto como Conte trabalharia sua cabeça para lhe tirar a responsabilidade e jogar livre. Acho que se dariam muito bem e já o fizeram de fato.”
Pensando na janela de inverno, a Inter estaria disposta a satisfazer as exigências do Barcelona pelo chileno?
“A verdade é que, se alguns dos lesionados se recuperarem, não precisa contratar maus ninguém, acho essa equipe competitiva como está.”
O Messi vai assistir o jogo de casa, com suas seis Bolas de Ouro. Você acha um reconhecimento adequado de seu talento?
“Você tem certeza de que ele não o trouxeram escondido para colocá-lo em campo no último minuto? Brincadeiras à parte, esses dias me perguntei várias vezes se aos 32 anos ele segue sendo o melhor e, vendo que sim, não há discussão. Messi continua sendo o melhor jogador do mundo e merece tudo de bom que acontece.”
Você jogou ao lado de Luis Suárez e contra Di Stéfano, Cruyff e Pelé, também viu Maradona em seus melhores anos. Quem é melhor?
“Sempre fui apaixonado por Di Stéfano. Me lembro da primeira vez que o vi (na final da Copa da Europa de 1964), quando saí dos vestiários para começar a partida fiquei paralisado diante dele. Estava na frente do meu ídolo, que só tinha visto pela televisão, perdi o mundo de vista. Em algum momento o capitão, Armando Picchi, colocou uma das mãos nas minhas costas e me perguntou: ‘ei Sandro, nós vamos jogar futebol, você prefere ficar admirando o Alfredo ou vem com a gente?’. Ele fazia de tudo. Defendia, construía e atacava, era imparável. Ele foi o melhor de todos.”
O que você acha de Lautaro Martínez?
“É um jogador que eu gosto muito. Quando vejo os jogos fico imaginando o que eu faria em cada situação em que um atacante recebe a bola e, normalmente, sou capaz de adivinhar o que o jogador faria. Com ele, nunca consigo, sempre faz coisas que me surpreendem. Ele não me engana sozinho, é capaz de enganar qualquer defensor e qualquer riva. É um fenômeno.”
A Inter vai conseguir mantê-lo no time?
“Vai ser muito difícil. Talvez tenha que vender algum outro jogador para poder ficar com ele, mas eu faria qualquer coisa para ficar com ele”.