O Atlético de Madrid se acostumou a um estilo de vida que não pode ser sustentado sem a renda da Liga dos Campeões. Para aliviar a chuva de milhões destinada ao clube para disputar pelo menos a fase de grupos, talvez seja preciso fazer uma venda que não gostaria de fazer.
É tentador pensar que a diferença entre jogar na Champions e na Liga Europa não é tanto, mas a realidade é muito diferente. Os rendimentos de ambas as competições são extremamente díspares.
Para ter ideia, nesta temporada, em que o Atleti chegou às quartas de final, já ganhou 77 milhões de euros. Em 2017-18, época em que ele venceu a Liga Europa, os homens de Simeone ganharam apenas 16 milhões. E isso, desde a fase de grupos da Liga dos Campeões.
Em outras palavras, alcançar o quarto lugar na Liga dos Campeões é muito mais lucrativo do que vencer a Liga Europa. E o Atlético planejou sua economia levando em consideração os rendimentos do primeiro, e não os do segundo.
Os gastos do Atlético de Madrid sempre aumentaram um passo à frente de sua receita, em linha com a tendência geral, no futebol e na vida, de gastar antes de receber o dinheiro. As contas serão elevadas ao quadrado.
O problema surge quando se para de entrar na rota planejada. Isso acontecerá com o Atlético de Madrid se, exceto pelo milagre da UEFA, na próxima temporada, ele jogar a Liga Europa por conta de sua classificação na LaLiga, caso a temporada não possa ser retomada.
Essa suposição deixará uma lacuna nos cofres do Atlético de Madrid que terá que ser coberta de alguma maneira. E a maneira mais fácil é vender jogadores, exatamente o que Simeone não quer.
Porque não será com a venda de Lemar ou Vitolo que o Atleti satisfará sua fome de orçamento. Será com a venda de um desses jogadores que Simeone considera insubstituível.
Vários nomes estão na mesa como candidatos a serem sacrificados em nome do deus do dinheiro. Saúl, a quem o Manchester United quer, seria a opção mais lógica, mas também a mais dolorosa.
Dizem que os 'demônios vermelhos' colocariam cerca de 75 milhões de euros em sua mesa, metade de sua cláusula, mas agora o Atlético está em desvantagem, porque todo mundo sabe que se ele ficar sem Champions, o jogador terá que ser vendido.
Há mais candidatos para passar pelo altar de sacrifício. Outro poderia muito bem ser Thomas, um jogador com uma ótima formação, especialmente na Premier, cuja cláusula de 50 milhões poderia ser muito apetitosa se não fosse porque a crise do coronavírus ameaça embaçar e tem novos padrões de mercado.
Mas também podemos entrar em estado de desespero e conversar sobre a venda de João Félix. Ou Oblak. Vender Oblak seria reconhecer que o clube está quebrado. Não seria entendido de outra forma, e seria algo que os torcedores nunca perdoariam. Mas situações desesperadas geralmente exigem respostas ainda mais desesperadas.
O pior cenário possível é simplesmente sombrio para os interesses do Atlético de Madrid. Suores frios escorrem pela parte de trás do ventilador em tal possibilidade. E todo mundo pede um milagre, nos campos de jogos ou nos escritórios.